COMPARATIVOS/TESTES TRANSALP

domingo, 6 de junho de 2010

Marrocos 2010 1ª parte

Marrocos é por excelência um país que fascina as mentes mais aventureiras e apesar de ser um destino algo banalizado com o excesso de turismo continua a valer a pena a visita.
Para nós foi a primeira vez e o choque cultural que se verifica logo na fronteira é grande, a confusão é muita e o facto de estarmos só os dois foi suficiente para sentir-mos algum receio, que mais tarde viemos a confirmar sem sentido, até porque os marroquinos são um povo extremamente simpático e acolhedor.
 Chegamos a Marrocos num sábado á noite,depois de duas horas a espera do ferry-boat e fizemos a travessia para Ceuta onde surpreendentemente os táxis usam nas portas o escudo nacional.
Depois da grande confusão que foi passar a fronteira paramos numa pizzaria e de seguida seguimos para a cidade de Tetouan onde tivemos a nossa experiência no caótico transito marroquino (nunca mais digo que os nossos taxistas são malucos).
Bem ao nosso estilo de não fazer grandes planos ou marcações andamos um bocado á toa para arranjar alojamento e quando passamos umas cinco vezes pelo mesmo sitio um individuo veio ter connosco e disse-me que arranjava um hotel por 50 dh mais ou menos 10€, subitamente começa a correr á frente da mota e comecei a ficar bastante desconfiado quando comecei a subir passeios e a meter por vielas em que mal cabia a mota, mas felizmente não era "filme" e chegamos a uma pensão, abrem a porta e dizem-me para meter a mota lá dentro bem no meio da sala de entrada, continuei desconfiado mas paguei a groja e fui para o quarto com uma cama pouco higiénica e wc com latrina e balde para a descarga. 
Pelos vistos são situações bastante normais em Marrocos mas a primeira vez é sempre estranho e pouco dormi porque ao mínimo barulho levantava-me para ir ver a transalp.
Domingo de manha arrancamos em direcção a Meknes, uma cidade enorme e novamente com muito transito em que é proibido parar nas passadeiras a não ser que se queira levar com um buzinão enorme de quem vem atrás.
Passaram por nós alguns motociclistas na sua maioria em GS 1200, mas entre outras vi também uma Transalp.
As estradas são boas, basta apenas uma adaptação a condução marroquina que é realmente de loucos com carrinhas cheias de carga, carroças com burros e cavalos ás centenas,táxis sempre com sete pessoas lá dentro e muita policia nas estradas, felizmente não nos mandaram parar nenhuma vez e até nos cumprimentavam com um sorriso. 
As temperaturas andavam a rondar os 36º, muito calor para o que estamos habituados e o desgaste físico era grande, sempre que podíamos parava-mos numa sombra para descansar um bocado, a Transalp apesar de carregada nunca se queixou e rolava certinha como sempre. 
Chegamos a Meknes por volta das 16:00 sem almoçar porque tivemos alguma dificuldade de comer das carnes que se viam penduradas ao ar livre nas aldeias por onde passava-mos.
Nesta noite ficamos num bom hotel com um preço (já inflaccionado) de 35€ e o contraste com a pensão da noite anterior era enorme,o jantar foi no centro muito movimentado com todas as lojas,cafés,barbearias,talhos,etc abertos.
O empregado limpou os pratos e talheres com um pano pelo simples facto de sermos os únicos a usar tais artefactos, toda a gente a nossa volta comia com as mãos do mesmo prato, um costume marroquino.
Foi mais uma boa experiência que serviu também para nos irmos ambientando a tantas diferenças com os nossos costumes.
Chegava a altura de seguirmos para o deserto, o grande objectivo desta viagem.
As paisagens começavam a ficar espectaculares e seguíamos maravilhados com tudo o que víamos.
O mais engraçado é que apesar das altas temperaturas era possível avistar neve nos cumes das montanhas. 
Paramos numa mercearia para comprar umas bolachas, porque continuávamos com dificuldades para almoçar e de repente tínhamos uns miúdos a olhar fixamente para nós, dei-lhes as bolachas e rapidamente as comeram.
Em certas zonas nota-se que existem grandes carências,mas o que mais me surpreendeu é que os miúdos têm sempre um sorriso na cara e passamos a vida a cumprimenta-los porque eles correm para a berma das estradas para nos acenar.
 Aqui neste talho até a cabeça da vaca estava pendurada na parede e o calor era cada vez mais á medida que andávamos para sul.
A Transalp em grande estilo a provar que não é preciso uma GS com malas de alumínio, nem gps´s, sacos touratech e outras cenas do género, o que realmente é preciso é gostar do que se faz. 
Os rios tinham todos pouca agua ou estavam secos, mas pelo que me disseram e pela sinalização existente nas estradas, no inverno as inundações são uma constante, ficando algumas partes quase intransitaveis.
As mesquitas são uma constante, tal como nos temos capelas ou igrejas em todo o lado, mas ver cemitérios sem cruzes é no mínimo esquisito e torna tudo mais interessante pelas tais diferenças culturais.  
O mais impressionaste foi ver autênticos rios de palmeiras que por entre as montanhas formavam um cenário absolutamente espectacular.
Estávamos já perto de Errachidia e para o deserto eram dois passos não fossem as peripécias que passamos antes para lá chegar, mas isso deixo para uma segunda parte desta suposta crónica.

1 comentário:

JFAlves disse...

Grande passeata! Muito bem!
Gostava muito de poder partir assim à aventura como vocês o fizeram. Aproveitem, pois com filhotes essas coisas passam a ser muito mais complicadas!...

"... a Transalp em grande estilo a provar que não é preciso uma GS com malas de alumínio...!

À pois não é preciso, quando se tem uma Transalp!
É uma granda moto! Sem qualquer dúvida.

Espero a continuação da crónica.
Abraço,